Capítulo 1. Boa noite pai
"Graças te dou por tudo que me deste,O som saía da boca, seco e sólido. A mente, vazia, não dizia nada e ele continuava cantando, pra ninguém:
Primeiro a Salvação em meu Jesus.
Graças te dou por tudo que fizeste
Por este pecador salvo na cruz!"
"Graças, graças, mil graçasFábio Ventura olhava para os lados, para trás, e via as pessoas cantando, alguns com um olhar estranho... Era como se hovesse ferrugem dentro de sí. Era como se ele não pertencesse àquele lugar. Mas ele cantava:
A ti, meu Salvador!
Graças, graças, mil graças
Por teu precioso amor!"
"Eu te agradeço a bênção do trabalhoE, pensando um pouco no pai, seu pai, e na conversa que tiveram na noite anterior, continuou cantando:
E do meu lar, que alegra o meu viver;
A correção paterna quando falho,
Provando teu amor pelo meu ser."
"Teu nome ao pobre pecadorAo final do culto, cumprimentou a todos que não conseguiu deixar de notar, por mais que se esforçasse. Ele olhava para as pessoas, com o olhar vazio de quem está pensando em outra coisa, de quem está em outro lugar:
Que jaz no vil pecado.
Que grandes coisas, ó Senhor,
A todos nós legaste!
São provas desse grande amor
Com que Tu nos amaste. Amém"
- Fábio, eu quero conversar com você - disse o pai, Sr. José Ventura.
- Pode falar, pai - disse Fábio, esfregando os olhos no sofá da sala, ainda olhando para as letras subindo no fim de um filme chato.
- Eu acho que você deve decidir o que quer fazer da sua vida.
- Como assim?
- Você sabe, eu não nasci cristão. Eu me converti aos 25 anos. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Você nasceu na igreja... Mas agora é hora de você decidir se quer mesmo ser cristão ou não.
- Eu sou cristão.
- Você vai à igreja. É diferente.
- Eu não faço nada de errado! - disse Fábio, já um pouco irritado.
- Assim como seus amigos, que não são cristãos. Você precisa descobrir o que é ser cristão de verdade... ser cristão é...
- Eu preciso é descobrir o que é um couchão de verdade - interrompeu Fábio - boa noite pai.